Histórias de Moradores de Nova Iguaçu

Esta página em parceria com o Museu da Pessoa é dedicada a compartilhar histórias e depoimentos dos Moradores da cidade.

História do Morador: Telines Basílio do Nascimento Junior
Local: Rio de Janeiro
Publicado em: 16/11/2014

 



História: O que o pessoal chama lixo, eu fiz virar luxo


Sinopse:

Telines nasceu em Nova Iguaçu, no Rio de Janeiro, onde passou a infância e adolescência. Mudou-se para São Paulo na esperança de uma melhor perspectiva de vida e passou por diversos empregos antes de tornar-se catador. No início o ofício foi difícil, e o depoente passou por situações humilhantes e momentos de profundo desânimo, até dar uma volta por cima, impulsionada pelo nascimento do seu filho caçula. O filho Marcos é "um marco na sua vida", a partir do qual Telines compreendeu a importância do seu trabalho, fundou a Coopercaps, voltou a estudar e formou-se em Gestão Ambiental.

História

Meu nome é Telines Basílio do Nascimento Júnior, mais conhecido como Carioca. Eu nasci no dia seis do 12 de 1964, no Rio de Janeiro, município de Nova Iguaçu. Meu pai nasceu no Espírito Santo, no dia cinco de outubro de 1926, o nome é Telines Basílio do Nascimento. Minha mãe, Filomena Boschetti do Nascimento, nasceu dia dois de dezembro de 1926, ambos falecidos. Minha mãe nasceu em Presidente Prudente, São Paulo. Minha mãe era do lar e meu pai era fiscal municipal de obras da Prefeitura Municipal de Nova Iguaçu. É meio complicado falar da minha mãe, porque essa é a mãe número dois, na verdade eu tive três mães.

A minha mãe que me gerou, ela era Teresa Monteiro do Nascimento, de quem eu me lembro muito pouco, faleceu eu tinha quatro anos de idade, aí meu pai casou pela segunda vez. A Filomena Boschetti, que a gente chamava de Nena, foi quem me criou. E depois meu pai se divorciou e casou novamente, e eu tive uma outra mãe, que terminou já na minha fase de adolescência até eu sair de casa. Eu tive três mães e uma mais maravilhosa do que a outra, sou um privilegiado. Dessa terceira é Maria Laurentina de Souza. Eu acho que meu pai foi o homem mais inteligente que eu conheci na vida, não só inteligência que ele aprendeu ao longo do tempo, mas na forma de lidar com as pessoas. Ele tinha uma facilidade, uma forma de envolver a todos com seu discurso, era uma pessoa maravilhosa e muito querida por todos, principalmente pelos filhos.

A minha primeira mãe eu não me lembro nada, mas a minha segunda mãe ela era do lar, uma pessoa bem rígida, disciplinadora, mas que tinha muito amor, muito carinho, principalmente por mim, porque ela não podia ter filho e ela me criou como filho com muito amor, muito carinho. Ela me preparou para encarar esse mundão de Deus. E a minha mãe número três já foi num momento que eu estava saindo da adolescência, vindo para a fase adulta, tivemos algumas rusgas, discussões, eu adolescente muito jovem não entendia muita coisa, mas que agora, ao final da vida do meu pai, que meu pai faleceu em 2010, ela mostrou para mim o quanto ela amava meu pai. E eu pude entender o porquê que meu pai estava com ela. Sabe, isso foi, os dois últimos anos da vida do meu pai serviu para a gente se aproximar, a gente se perdoar e eliminar tudo o que houve entre a gente e a gente criar um relacionamento que dura até hoje. Eu resolvi que ela tinha que me adotar como minha mãe, hoje eu chamo ela de mãe. É mais ou menos isso.

A minha casa de infância era um terreno muito grande, a gente tinha vários pés de laranja, tangerina, manga, jaca, era como se fosse um sitiozinho. E tinha um campo perto de casa, onde eu batia minhas peladinhas todo final de tarde, às vezes eu me atrasava, porque tinha horário, né? Com relação a horário meu pai era bem: “Você pode jogar bola, mas volta tal hora”, às vezes passava um bocadinho e do muro ele já gritava: “Ô, perdeu a hora!”. E a gente corria muito em volta, em casa mesmo meus amigos estavam sempre lá, a gente estava sempre aprontando algumas artes, toda criança faz. Pipa, soltava muita pipa. Mas naquela época não tinha tanto fio, não tinha tanta casa, então, a gente ia para o campo e ficava brincando. Minha infância foi muito gostosa, muito gostosa mesmo. Era em Queimados, no Rio de Janeiro.

É um bairro da baixada fluminense, na época era bairro, agora é um município. A minha casa era uma casa de dois cômodos, onde tinha o quarto, meus pais dormiam lá, eu dormia na sala, eu sempre, até por falta de espaço mesmo a gente tinha que ficar na sala, mas eu já gostava que na época tinha uma televisãozinha preto e branco que meu pai tinha acabado de comprar, aí dava para assistir os filmes. Minha casa era uma casa de telha, onde não tinha água encanada, mas a gente tinha um poço que puxava a água para alimentar o sistema hidráulico da casa. O bairro era um bairro bem carente, as ruas todas de chão. Eu estudava bem próximo, durante oito anos eu fiz todo o meu primeiro grau numa escola chamada Centro Educacional Betel, onde o meu ciclo de amizade se formou ali, porque primeiro todo mundo estudava, os colegas próximos, todos estudavam lá, e lá a gente começou a construir uma amizade maior, porque a gente tinha campeonato de futebol de salão, campeonato de handebol. Foram oito anos que a gente passou, a turma bem unida, bem junta, aprontando mil e uma, faz parte, né?

Tinha um dos vizinhos, que a gente todo dia a tarde queria jogar uma bola e o dono da bola queria ir para o campo levar a bola, mas chegava lá e não tinha menino. Ele dava um chutão pra cima, quando a bola batia no chão a gente já ouvia: “Opa, já tem bola no campo” e a gente ia para lá. Ali a gente passava tardes, se divertia, a gente arrumava o campo, fazia aquele mutirão. Acho que desde aquela época eu já tinha o espírito de cooperativismo. Ah, eu sou Flamengo até morrer. Na verdade o meu pai era torcedor do América, América Futebol Clube. E eu, como todo filho, eu era América, isso nos meus sete, oito anos. Meus irmãos eram flamenguistas e meu irmão falou um dia para mim: “Eu vou te levar num jogo no Maracanã”. Aí pra mim foi a maior emoção, Flamengo e Fluminense no Maracanã.

E aí, o Flamengo e o Zico deram um show, o Zico fez quatro gols, foi um amistoso, e eu não deixei mais de ser flamenguista. E foi bacana porque eu nunca tinha ido no Maracanã, naquela época não passava jogo na televisão, também não tinha nem noção como era. E aí, meu pai que me desculpa, mas eu tive que me tornar um torcedor rubro negro. Eu tinha uns oito anos, mais ou menos, nessa época, pra nove anos. E na época que eu morei no Rio eu era um “flanático” porque jogo no Maracanã de segunda-feira eu ia ver. Passei a frequentar, torcer e entender um pouquinho do clube. Aí também um grupo de amigos que a gente: “Tem jogo no Maracanã? Vamos embora”, tinha semana que a gente ia duas vezes na semana, mas quando não dava, pelo menos no final de semana a gente ia, era sagrado.

No Rio tem uma rede de supermercado chamada Casas Sendas, que é o sobrenome de uma família muito famosa de lá. E o símbolo desse supermercado é um marreco. Eles contratavam na época, não tinha essa porcaria de direito de menor e adolescente, que os caras não podem trabalhar, né? Naquela época, com 13, 14 anos a gente podia ser registrado. E a Casa Sendas contratava menores para serem marrequinhos. O que é marrequinho? É aquele menininho que levava os carrinhos de compra nos carros das madames, sabe? A nossa função era essa, ficava parado na frente dos caixas, quando a madame saía, a gente pedia, dava licença pra ela, pegava o carrinho e levava até o carro dela, arrumava no porta-mala.

Era esse o trabalho que a gente fazia. Mas eu mesmo, eu adorava, porque a gente ganhava na época um salário mínimo, mas de gorjeta das madames, que as madames acabavam se acostumando com a gente, a gente ganhava muito mais. Era um trabalho bem legal. Eu trabalhei até completar quase 18 anos, porque quando está próximo de completar 18 anos eles desligam porque a gente está em fase de alistamento militar, essas coisas todas, aí é desligado. Mas quando passou, eu completei a maioridade, voltei pra lá de novo, aí trabalhei como repositor. Eu sempre trabalhei, trabalhei muito. Meu primeiro salário eu comprei um monte de coisa que eu sabia que meu pai gostava, que eu gostava também, enchi umas três, quatro bolsas e levei pra casa. Ah, bolo, doce... meu pai gostava de tomar um vinho, eu comprei um vinho pro meu pai. Comprei um monte de chocolate pra mim. Comprei uns três carretel de linha para soltar pipa. Então, só besteira. Meu primeiro salário foi assim.

Eu sempre tive um sonho de vir pra São Paulo, sempre. Mas não tinha coragem. Até que um dia eu tinha acabado de ser demitido dessa empresa que eu era repositor no hipermercado, estava com um dinheirinho e falei: “Eu vou pra São Paulo pra fazer um teste para ver como é lá”. Aí vim com a cara e a coragem. Cheguei na Rodoviária do Tietê, comprei um jornal; isso era um sábado de manhã que eu cheguei aqui. Comprei um jornal, eu vi uma pensão ali no centro, próximo do Glicério. Tinha uma pensão ali pra alugar, era baratinha, aí fui lá, conversei com o proprietário, aluguei, falei: “Segunda-feira eu vou correr atrá de um emprego”.

Passei uns três, quatro dias comprando jornal, ia atrás, fazia uma inscrição aqui, fazia outra ali e nada. Até que um dia andando na Lapa tinha esse pessoal que fica na rua com quadro, aí tinha lá: “Precisamos de estoquista para cozinha industrial”. Vou lá. Fiz a ficha, fiz a entrevista, me chamaram, na época para uma empresa de nome, eu vou lembrar... eles ganharam uma licitação para fazer um trabalho, as refeições da Eletropaulo e eu comecei a trabalhar com eles. Trabalhei três meses, eles recidiram contrato com a Eletropaulo, mas não me mandaram embora, me mandaram trabalhar lá no Hospital das Clínicas, no prédio do subsolo, embaixo tinha o refeitório. Grupo Palheta! É uma empresa da Bahia que só faz refeições, trabalha com cozinha industrial e eles têm também uma rede de fast food, se não me engano. Eu trabalhei bastante tempo com eles, quase quatro anos. E aí começou a se modernizar o negócio, na época a gente controlava o estoque por cardex, papelzinho e tal, e começaram a informatizar todo o processo, a cozinha mesmo foi toda informatizada, começaram a aparecer aquelas comandas, que você digitaliza, era tudo comanda de papel. E quando a empresa quer se modernizar exige que seus funcionários se reciclem, né? E eu parei no tempo.

E eles me mandaram embora. Eu tinha uns mesesinhos de seguro-desemprego, falei: “Não vou procurar emprego agora, vou pegar minhas parcelinhas todas”. O tempo foi passando, e a gente vai procurando depois que passou, começou a procurar emprego e não achava. E aí um amigo meu, um vizinho, ele era carroceiro e falou: “Cara, lá no ferro velho onde eu vendo meu material tem carroça lá. Você deixa seu RG lá e...” Isso, aí o vizinho que era carroceiro falou comigo para eu ir lá com ele no ferro velho, que o dono do ferro velho emprestava a carroça pra você trabalhar, era só você deixar o RG com ele, você podia trabalhar o dia todo, mas de noite, quando acabasse o trabalho, você tinha que vender o material para ele. Foi quando eu comecei. Primeiro dia foi uma negação, porque a vergonha impedia de catar o material, dava vontade até de rir. A gente foi acostumando, começamos a trabalhar. No início comecei a trabalhar junto com ele e eu não sei se o negócio já estava na veia que eu não larguei mais.

O trabalho é você pegar uma carroça, você já deve ter visto o catador com uma carroça daquela na rua. Ou você coleta o que o pessoal já deixou do lado de fora, o lixo do lado de fora, principalmente nas empresas, ou você tem um relacionamento bacana e você consegue fazer intimidade com um porteiro de um prédio, com o dono de uma oficina mecânica que vai te doar essas coisas. E a gente vai conquistando isso aos poucos, sabe? Mas é um trabalho bem cansativo, a gente anda muito, sabe? A humilhação. Quantas vezes a gente é ofendido, o pessoal zomba até, mas que dava para levar um qualquer pra casa, isso que era o mais importante naquele momento. A gente honesto tem que trabalhar, tem que alimentar a família, a gente se submete a esse tipo de coisa.

Aí a gente foi indo, foi indo, foi indo, o tempo foi passando, a gente se acomodando, e carroceiro eu fui, catador eu sou. Mas hoje eu tenho como dizer pra você, com orgulho, porque a questão de resíduos sólidos na cidade, no Brasil e no mundo, os governantes estão vendo com mais cuidado, mas naquela época lá atrás a gente não se tornou, eu mesmo não me tornei um catador preocupado com as questões ambientais, com recurso natural, nada disso. Por que a gente se torna catador? Por causa da fome e da miséria, tá entendendo? Então a gente tem que procurar uma maneira autossustentável, ou que pelo menos se aproxime de você não vir a deixar sua família passar necessidade, então foi por isso que eu me tornei. Mas tenho o maior orgulho do que eu fui, do que eu sou, porque muito me ajudou e muito me ajuda a questão que o pessoal chama de lixo, pra mim eu fiz ele virar um luxo.

Uma vez a gente estava fazendo uma coleta de material em uma empresa, a gente meio sujo, e o zelador pediu pra que a gente subisse até um determinado andar que tinha bastante caixa lá, alguém que tinha acabado de se mudar. E só tinha um elevador, elevador social e de serviço, nesse prédio aqui em Santo Amaro. E quando a gente estava no prédio, se não me engano era o terceiro andar, quando a gente estava lá saiu uma moradora, ela abriu a porta pra sair e quando a gente estava carregando o material pro elevador, ela se assustou de uma maneira que ela chegou a gritar. Acho que meu colega era mais escuro, da cor negra, eu também moreno e ela achou que a gente era ladrão, que a gente ia roubar, ia fazer alguma coisa. Voltou correndo, acho que ligou pra portaria, subiu o porteiro, subiu o zelador também, que foi quem havia autorizado a gente.

E aí o pessoal falou para ela o que a gente estava fazendo ali, que a gente estava catando, e o meu amigo queria até xingar ela, falar alguma coisa e eu, naquele momento a palavra que eu tive foi: “Olha senhora, a senhora me desculpe, a nossa intenção não era essa. A gente está aqui pra tirar esse material porque pra senhora pode ser lixo, mas pra gente é a única fonte de renda que a gente tem”. Nesse momento me deu vontade de abandonar, sabe? De parar. Mas eu não podia fazer isso porque eu não tinha outra renda. Isso eu lembro até hoje, fora outras caminhadas por aí, que a gente ia pedir em alguma empresa, alguma oficina, e o pessoal quando via ou quando ouvia o colega me chamar de Carioca, quantas vezes eu não ouvi falar: “Isso é fugitivo. Deve ter vindo do Rio corrido, por isso que está aqui”. Entendeu, essas piadinhas, essas coisas, ao mesmo tempo são tristes, mas servem de motivação pra gente não desistir. Eu sabia que alguma coisa boa vinha por trás disso tudo, Deus não ia me abandonar desse jeito, eu estava ali pra pagar alguma coisa ou sendo colocado à prova. Mas situações bem complicadas.

O nascimento do meu filho caçula. Ele (emocionado), o meu filho é um marco na minha vida. Ele vai fazer 16 anos agora em outubro. O nome dele é Marcos e ele é um marco na minha vida, porque quando ele nasceu eu resolvi mudar, sabe? Dar um basta, pegar o que era bom e largar o que era ruim. E eu disse que ele teria muito orgulho de mim e eu estou pagando aquilo que eu cumpri porque hoje eu sei que o meu filho me tem como o herói dele. Eu trabalho nesse ramo de lixo, reciclagem, há 23 anos. Trabalhei como carroceiro, puxei muita carroça na rua. E a primeira palestra que eu dei foi numa universidade e eu levei meu filho comigo. Ali, eu percebi o quanto ele estava orgulhoso de mim, sabe? O quanto ele sente orgulho de mim. Mas acho que eu precisava que ele viesse, sabe, para eu poder me reciclar. Acho que depois que ele chegou é que eu pude perceber que eu tinha que me reciclar, que eu estava parado no tempo, precisava fazer mudar as coisas. Eu vou fazer 50 em dezembro, meu filho tem 15 eu tinha 30 e poucos anos, 35, próximo dos 36 quando ele nasceu.

E eu também tenho no meu primeiro casamento um filho que mora no Rio, Cleiton, está com 28 anos. Nesse segundo casamento a minha esposa já tinha uma menina. Pra você ver como são as coisas, essa menina, não fui eu que adotei ela, foi ela que me adotou, ela me escolheu para ser pai dela. Eu nem conhecia a mãe dela, eu trabalhava num ferro velho aqui próximo e ela sempre passava por lá, o tio dela também era carroceiro, trabalhava comigo e ela sempre passava lá pra levar uma comida pro tio, um café, uma coisa, e a gente sempre conversava.

Aí o tio dela falava assim: “Ele tem uma letra legal, ele deve ter estudado”. Um dia ela tirou a dúvida, pegou um papel, pegou uma caneta: “Escreve qualquer coisa aqui”, aí eu escrevi qualquer coisa. Ela: “Pô, que letra bonita que você tem”. Aí começamos a conversar, ela ia lá e a gente batia papo. Ela tinha um trabalho da escola para fazer e perguntava se eu sabia fazer, eu falava: “Acho que sei, traz aqui que eu te ensino”. Ela ia lá e eu ensinava. E essa menina foi pegando um carinho por mim que um dia ela falou: “Se eu tivesse um pai, eu queria que meu pai fosse igual você”. Aquilo ficou na minha cabeça e a gente sempre, pegamos essa amizade, tal, às vezes tinha reunião de escola de pais e ela perguntava se eu podia ir (risos). Acho que ela falava muito no meu nome lá na casa dela e ela tinha o quê? Na época ela tinha 12 anos. A mãe dela ficou preocupada: “Eu quero conhecer esse cara. O cara é carioca, chega aqui, faz amizade com a minha filha de 12 anos”. Tudo bem, fui na casa dela, tomei um café, bati um longo papo com a mãe dela, tal e a gente foi pegando amizade, conversando e hoje é minha esposa. Mas foi ela que me escolheu pra ser pai dela.

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